Glaucia Maciel é o nome à frente de uma tecnologia educacional multidisciplinar de estímulo na primeira infância, chamada Sementes Brilhantes. A iniciativa atende mais de 100 crianças em três diferentes creches com apoio da Nampur, na região sul da Bahia. O método sensorial já foi testado em comunidades carentes da capital paulista, com eficácia comprovada, e financiado pela Fundação Bill Gates em um desafio de “salvar o cérebro das crianças”. A confirmação foi acompanhada pela universidade de Harvard, USP e Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
“Solução que engaja educadores a fim de estimular crianças adequadamente nos primeiros mil dias de vida, podendo melhorar seu futuro. É um projeto de equidade social, mas também de empoderamento dessas cuidadoras e educadoras, que fizeram o treinamento.”
O método de empoderamento tem impacto social com aulas para agentes multiplicadores e kit de brinquedos que atende às exigências do projeto. Durante a pandemia, a Nampur investiu em tecnologia para que o curso pudesse ser realizado de forma online, garantindo ainda o acesso ao material de apoio e de diversão dos pequenos. “Filmamos na minha casa com crianças que recrutei. São seis aulas, totalizando quatro horas, em que qualquer educador, babá ou mãe consegue entender o básico de neurociência, a importância dos estímulos, neuropedagogia, e como montar um espaço de estímulo, além dos conceitos de desenvolvimento infantil, psicomotricidade, atividades de música e arte”, resume.
Para garantir a certificação, o projeto aplica provas pela internet e conta ainda com live coaching, onde é possível passar orientações e tirar dúvidas dos recém-formados. Dentro da plataforma, esses agentes mandam vídeos da prática de atividades e recebem feedbacks. “Dentro do módulo, a gente visita Trancoso e região a cada seis meses para certificar as educadoras e verificar se o trabalho está sendo bem executado.” Na recente formatura de 26 agentes, houve palestra, tira-dúvidas e atividade prática.
“É a única tecnologia educacional comprovada cientificamente para o desenvolvimento cerebral. Os pais sabem, intuitivamente, que qualquer estímulo, como jogar bola com a criança, ajuda no desenvolvimento desse bebê. O charme dessa faixa etária é ver que, em três meses, se tem um impacto gigante.”
Histórico
Formada em Administração, Glaucia trabalhou por 15 anos no mundo corporativo, atuou no marketing de diferentes empresas até que a gravidez, aos 40 anos, a fez largar o trabalho para se dedicar ao bebê. Ainda na gestação, voou para Harvard a fim de fazer um curso de verão sobre neurociência para entender melhor como cuidar da educação da criança. “Me deparei com a informação de que 80% do cérebro é formado nos primeiros mil dias de vida. Isso, há 20 anos, era um choque”, relata. Parte das pessoas, em São Paulo, tem uma babá e volta ao trabalho após a gestação e não há um impulso adequado nas creches.
Foi quando criou o centro Steps Baby Lounge, na capital paulista, há 18 anos com a ideia de repassar atividades por meio dessa tecnologia para que os pais, familiares ou a babá pudessem atuar em casa nas diferentes modalidades que se complementam. “Quando o bebê chegava, tinha cinco especialistas, desde neurocientista, nutricionista, psicólogo, pedagogo, especialistas em áreas de yoga e música”, recorda. À época, atraiu “muitas” crianças portadoras de necessidades especiais e os centros funcionavam com até 35 alunos. Esse método acompanhava crianças nos primeiros cinco anos de vida. Glaucia vendeu sua parte na escola para se dedicar integralmente ao projeto social.
