A praia do Satu é daquelas praias onde a natureza foi generosa não só na beleza — porque é uma das mais maravilhosas da costa sul da Bahia, preciso dizer — como também no acolhimento das nossas necessidades “contemporâneas”. Lá, não é necessário guarda-sol, pois a vegetação local já serve como abrigo contra o forte sol; não precisa de ducha para tirar o sal do mar do corpo porque a praia tem três lagoas de água doce (que, na verdade, são riachos); e ainda tem a argila branca, vermelha e roxa das falésias que garante um tratamento de corpo todo e deixa a pele lisinha e super macia.
E ainda nem, falamos sobre a paisagem. Como é de praxe em praias com piscinas naturais, é no pico da maré baixa que você tirar o melhor do Satu. Em decorrência do difícil acesso a esta bela praia que fica entre o Espelho e — a três quilômetros de — Caraíva, é imprescindível planejar a sua visita baseando-se nas condições climáticas.
Como as marés sempre estão em mudança — a maré alta aqui pode ser brava, impedindo a passagem por alguns trechos — e elas dependem de diversos fatores como as fases da lua, a tábua das marés de Porto Seguro/Caraíva e a previsão do tempo vão ser seus amigos para programar não só o horário da sua ida como o seu dia e a hora de ir embora, dependendo se você for a pé, de carro ou de barco.
O que fazer na praia do Satu? Entre argila, falésias, piscinas naturais, lagoas, barracas e beach clubs.
Ao caminhar pelos 2,5 quilômetros de extensão do Satu, você vai se encantar com a floresta de pândanos, uma vegetação com raízes externas e copas frondosas, que marca o início da praia, em frente às piscinas naturais que se formam na maré baixa, e os belos e fotogênicos troncos de árvores arrancados pelas marés violentas, que seguem vivos ou renascendo, mesmo tombados na areia.
As formações de corais vão do cinza vulcânico a incríveis tons rosados e, junto com o verde do musgo que cobrem algumas delas, dão um lindo contraste não só com as águas (dependendo da luz do sol, em vários tons de azul) como também com as areias branca e preta, e seus muitos desenhos. Há trechos da praia em que essa areia preta formada por compostos orgânicos da vegetação que dá o tom também das águas escuras das lagoas sobrepõem completamente a areia tradicional. E basta cavar um pouco para descobrir a areia clara por baixo dela.
Apesar de muito conhecida e frequentada, o Satu fica dentro de uma propriedade particular (uma gigante fazenda com 40mil pés de cocos), mas ainda preserva belezas naturais intocadas e praia quase deserta. Além das belezas, você ainda encontra quatro ou cinco barraquinhas. Dependendo do dia da semana, você irá encontrar somente duas abertas.
Lá você irá encontrar o Satu Beach Club, com lounges na areia, música ao vivo e patrocínio de cerveja e uísque, à boa comida do Mangaba Satu, onde você não pode deixar de comer as delícias preparadas pela cozinheira Eva, como a coxinha-sem-massa de siri e a moqueca vegana com batata doce, banana-da-terra, abobrinha e cenoura servida com pirão, arrozinho e farofa.
São três “lagoas” ao longo dos 2,5 quilômetros da praia do Satu. E, geralmente, as pessoas só vão à primeira lagoa e voltam. Não faça isso. Já que você já veio até aqui, vá até o fim da praia. Porque a segunda lagoa é mais ampla — e mais vazia — que a primeira; e a terceira lagoa, quase na ponta de Juacema, é a mais cenográfica de todas, com coqueiros e um paisagismo lindo.
E para os que fazem skincare, tem uma sinalização de argila ao lado da barraca do Dedé — aqui ela está seca, aí, você precisa molhar na água do lago para dissolvê-la e passar no corpo —, mas se você caminhar até o fim da praia, na deserta ponta de Juacema, tem uma biquinha de água e muita argila pronta para passar no corpo todo. E o melhor: dá para curtir tudo sem roupa, do jeito que você veio ao mundo.
Como chegar até a Praia do Satu (e como ir embora): a pé para todos, de carro para poucos ou ainda de barco.
Existem três formas de acessar a praia do Satu. Você pode caminhar na orla por três quilômetros, começando em Caraíva, mas somente após conseguir atravessar o rio de barco, utilizando o serviço dos tradicionais canoeiros da região, que combram R$8,00 por pessoa. O ponto dos canoeiros fica na Praia da Barra. Calcule uma hora para percorres o trajeto e não esqueça de ir calçado (para pés desacostumados, andar uma hora descalço sobre a areia quente pode fazer a pele debaixo do seu pé descolar; e dói muito: palavra de quem passou por isso).
É de suma importância que você saia de Caraíva assim que a maré estiver baixando, uma, duas horas antes do pico da maré baixa — por isso, é imprescindível consultar a tábua de marés —, assim você evitará atravessar pedras ou caminhar pela areia fofa, que irá te cansar mais. E também para aproveitar as piscinas naturais do Satu quando a maré estiver no pico da baixa quando você tiver chegado lá.
O problema de vir a pé é que depois da caminhada de Caraíva até aqui, passar o dia no mar e na lagoa, e comendo e bebendo, pode dar aquela preguicinha de voltar a pé. Ou então, se a maré estiver alta pode não conseguir mesmo voltar pela orla. Por isso, mais uma vez, é preciso saber sobre os horários das marés do dia.
Aí, o que você pode fazer é perguntar para o pessoal das barracas se eles conseguem um carro para te levar de volta a Caraíva. Muitos deles fazem o traslado com carro próprio e cobram R$ 50 por pessoa para te deixar lá na travessia do rio.
De carro, de Trancoso até o Satu ou de Caraíva até o Satu.
Vindo de Porto Seguro ou Trancoso para o Satu, você virá pela estrada de terra de Caraíva, e pegará a entrada à esquerda quando vir um pneu verde pendurado na cerca. Uma estradinha de areia fofa vai te levar até a porteira de uma propriedade particular, a Fazenda Caraíva. E é por isso que para ir no conforto do seu carro para a praia do Satu, é preciso se programar. Para passar pela porteira, é preciso ter reserva em uma das barracas da praia — a Coral do Mar ou a Satu Beach Club — ou na pousada e barraca Mangaba Satu, pelo WhatsApp 73 99921-1988. Como cada estabelecimento pode ter até três carros estacionados simultaneamente, é preciso garantir sua reserva.
Vindo de Caraíva para o Satu, depois de cruzar o rio e pegar o carro, você vai atravessar toda a cidadezinha de Nova Caraíva, pegando o caminho com destino a Trancoso. Quando a cidade acabar, vai ter um supermercado Barateiro e um posto de gasolina (de madeira, só com uma bomba). Depois do posto de gasolina, vai ter uma primeira entrada à direita (bem perpendicular, e onde tem uma casa com cerca e um portão). Não é essa. Você vai pegar a segunda entrada à direita, um quilômetro depois do posto, mais curvilínea, que é uma estradinha de areia fofa.
Passando pela porteira, você vai dirigir por uma linda fazenda de coqueiros — vai ter uma única bifurcação e você vai pegar a estradinha da esquerda — até chegar a uma pista de pouso de terra à beira da falésia. Só não deixe de ir a uma das pontas da pista (à direita) que oferecem uma bela vista panorâmica para a praia e o mar.
De táxi
Com reservas feitas, é possível também ir de táxi. Depois de cruzar o rio Caraíva, o trajeto custa R$ 150 e eles conseguem te deixar na beira da falésia dentro da fazenda para acessar as escadas que descem para a praia e as barracas. Mas é bom consultar antes, já que as regras podem mudar de uma hora para a outra…
De barco
Caso você esteja em qualquer lugar da costa sul da Bahia pode contratar um barco para te levar, esperar e te levar de volta. Só atente-se para o fato de que pode ser uma aventura subir no barco se a maré estiver alta e as ondas, violentas. Em Caraíva, à beira do rio, há uma barraca onde você encontra as lanchas que podem te levar não só para a Prainha, Corumbau como também até o Satu. O preço para ir e voltar de barco para a praia do Satu é de R$ 100 por pessoa.
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O contéudo deste artigo é uma adaptação da matéria original publicada em simonde.com.br